04 agosto 2013
08 julho 2013
Inglaterra 2 x 1 Brasil. Analise tática. Amistoso
Esquemas táticos
A Inglaterra venceu o Brasil por 2 a 1, no estádio de Wembley, em
Londres. O esquema tático da Inglaterra foi o 4-1-4-1. O esquema tático
do Brasil foi o 4-2-3-1. O jogo marcou a reestreia de Felipão à frente
da Seleção Brasileira.
Análise tática
No 4-2-3-1, o Brasil começou o jogo com Neymar pela direita, Oscar pelo centro e Ronaldinho pela esquerda. Mas óbvio se impôs e Neymar foi jogar ao lado de Ronaldinho, revezando de posição com ele entre centro e esquerda. Oscar ficou pela direita e, de vez em quando, trocava de posição com Neymar pelo centro.
O maior problema do ataque brasileiro foi o isolamento de Luís Fabiano. Problema que se repetiu no segundo tempo com Fred, apesar do gol e de uma bola na trave ainda no início. O isolamento do centroavante no 4-2-3-1 vem desde Parreira, em 2010, e se repetiu com Mano Menezes. O 4-2-3-1 é um esquema que não favorece o centroavante. Podem observar.
A Inglaterra jogou melhor. No 4-1-4-1, conseguiu criar mais chances e mostrou mais qualidade quando teve a bola. Gerrard atuou como o “1” entre a linha de defesa e a de meio-campo. Foi o volante-armador e jogou livre, sem marcação, e protegido para pelos meias centrais, Wilshere e Cleverley, para pensar o jogo e fazer lançamentos.
No segundo tempo, Walcott, apagado na primeira etapa, acordou e fez muitas jogadas pela ponta direita. Foi o destaque da seleção inglesa no segundo tempo. Na primeira etapa, a Inglaterra centralizou muito o jogo, inclusive com seus laterais, que avançavam em diagonal. O que foi uma boa estratégia, diga-se, já que com volantes que gostam de sair para o jogo, o Brasil marcava mal pelo miolo. O primeiro gol inglês, inclusive, saiu pelo centro, com Rooney.
Os laterais brasileiros, por sua vez, pouco avançaram e praticamente não fizeram jogadas de linha de fundo. Aliás, só Adriano chegou à linha de fundo uma vez pelo Brasil. E não cruzou. Centroavante sofre no 4-2-3-1 em que os jogadores laterais não vão à linha de fundo... No segundo tempo, com Neymar mais fixo pela esquerda, enfim saíram mais jogadas pela ponta.
Destaques do jogo
Ronaldinho foi mal. Não foi bem pelo centro nem pela esquerda. Não qualificou o passe no meio, como se esperava, e ainda errou um pênalti. Oscar vai melhor por ali. Mas Oscar também não se apresentou bem, assim como Neymar brilhou como de costume. Dante, o estreante, não comprometeu. David Luiz também não. Júlio César voltou bem e fez grandes defesas. Salvou o Brasil de levar mais gols. Ramires é um ótimo jogador, mas é mais adequado para estratégias em que se utiliza o contra-ataque ou três volantes. Com dois volantes, o melhor é ter um jogador com melhor passe, que possa armar o jogo quando os três meias atacantes estiverem marcados. Arouca é mais adequado.
Entre os ingleses, destaco o esquema tático inteligente, com Gerrard como volante-armador, protegido pelos meias centrais da linha de quatro. Ali ele pensa, passa e arma o jogo. Walcott incendiou o jogo no segundo tempo, ganhando todos os embates com Adriano. Welbeck não foi bem no ataque, assim como seu substituto, Milner. Entretanto, ambos, assim como Ashley Cole e Baines, não permitiram nenhuma jogada em seu setor, seja com Oscar, Neymar, Lucas ou Daniel Alves. Wilshere, com sua juventude e técnica, permitiu que Lampard e Gerrard pudessem brilhar ainda mais.
Análise tática
No 4-2-3-1, o Brasil começou o jogo com Neymar pela direita, Oscar pelo centro e Ronaldinho pela esquerda. Mas óbvio se impôs e Neymar foi jogar ao lado de Ronaldinho, revezando de posição com ele entre centro e esquerda. Oscar ficou pela direita e, de vez em quando, trocava de posição com Neymar pelo centro.
O maior problema do ataque brasileiro foi o isolamento de Luís Fabiano. Problema que se repetiu no segundo tempo com Fred, apesar do gol e de uma bola na trave ainda no início. O isolamento do centroavante no 4-2-3-1 vem desde Parreira, em 2010, e se repetiu com Mano Menezes. O 4-2-3-1 é um esquema que não favorece o centroavante. Podem observar.
A Inglaterra jogou melhor. No 4-1-4-1, conseguiu criar mais chances e mostrou mais qualidade quando teve a bola. Gerrard atuou como o “1” entre a linha de defesa e a de meio-campo. Foi o volante-armador e jogou livre, sem marcação, e protegido para pelos meias centrais, Wilshere e Cleverley, para pensar o jogo e fazer lançamentos.
No segundo tempo, Walcott, apagado na primeira etapa, acordou e fez muitas jogadas pela ponta direita. Foi o destaque da seleção inglesa no segundo tempo. Na primeira etapa, a Inglaterra centralizou muito o jogo, inclusive com seus laterais, que avançavam em diagonal. O que foi uma boa estratégia, diga-se, já que com volantes que gostam de sair para o jogo, o Brasil marcava mal pelo miolo. O primeiro gol inglês, inclusive, saiu pelo centro, com Rooney.
Os laterais brasileiros, por sua vez, pouco avançaram e praticamente não fizeram jogadas de linha de fundo. Aliás, só Adriano chegou à linha de fundo uma vez pelo Brasil. E não cruzou. Centroavante sofre no 4-2-3-1 em que os jogadores laterais não vão à linha de fundo... No segundo tempo, com Neymar mais fixo pela esquerda, enfim saíram mais jogadas pela ponta.
Destaques do jogo
Ronaldinho foi mal. Não foi bem pelo centro nem pela esquerda. Não qualificou o passe no meio, como se esperava, e ainda errou um pênalti. Oscar vai melhor por ali. Mas Oscar também não se apresentou bem, assim como Neymar brilhou como de costume. Dante, o estreante, não comprometeu. David Luiz também não. Júlio César voltou bem e fez grandes defesas. Salvou o Brasil de levar mais gols. Ramires é um ótimo jogador, mas é mais adequado para estratégias em que se utiliza o contra-ataque ou três volantes. Com dois volantes, o melhor é ter um jogador com melhor passe, que possa armar o jogo quando os três meias atacantes estiverem marcados. Arouca é mais adequado.
Entre os ingleses, destaco o esquema tático inteligente, com Gerrard como volante-armador, protegido pelos meias centrais da linha de quatro. Ali ele pensa, passa e arma o jogo. Walcott incendiou o jogo no segundo tempo, ganhando todos os embates com Adriano. Welbeck não foi bem no ataque, assim como seu substituto, Milner. Entretanto, ambos, assim como Ashley Cole e Baines, não permitiram nenhuma jogada em seu setor, seja com Oscar, Neymar, Lucas ou Daniel Alves. Wilshere, com sua juventude e técnica, permitiu que Lampard e Gerrard pudessem brilhar ainda mais.
Sistema 1-4-2-3-1
Partindo dos problemas estruturais a
serem resolvidos no jogo, esse esquema tático vem sendo muito utilizado pelos
treinadores atualmente
“Tão importante
quanto visualizá-la de maneira estática é o
treinador
compreender toda a dinâmica relacional da plataforma”
(Zago in Arruda et al, 2013, p. 441)
O
esquema tático (ou plataforma tática) 1-4-2-3-1 vem sendo muito utilizado por
todo o futebol mundial, inclusive no Brasil. Assim como aconteceu com o
1-4-4-2, depois com o 1-3-5-2, o 1-4-2-3-1 passou a ser visto como a solução de
todos os problemas. Entender porque um esquema tático se torna mais “popular”
entre os treinadores talvez seja tão ou mais fundamental do que entender o
próprio esquema. Em geral, esse esquema se apresenta das seguintes formas
apresentadas abaixo.
Figura 1 – Variações estruturais básicas do 1-4-2-3-1 |
Basicamente,
o 1-4-2-3-1 se apresenta nas três formas apresentadas acima ao longo do jogo e,
dependendo das características dos jogadores e da proposta de jogo com mais
regularidade em uma delas, porém passando ocasionalmente pelas outras duas. Na
estruturação original, o primeiro campo corresponde ao esquema montado com dois
volantes e três meias. No campo central, os alas devem possuir características
para tal função. E no campo da direita, as características dos jogadores das
laterais da linha de meias (?!) normalmente são atacantes que não de
referência.
30 junho 2013
Como funcionam os princípios da flutuação e do equílibrio defensivo?
Posted by Valter Correia |
O que é a flutuação?
Anteriormente na nossa comunidade, referimos as vantagens e as desvantagens da flutuação no futebol. Geralmente, as equipas que se servem da flutuação ou basculação como princípio estrutural de defesa e principal método defensivo, orientam-se em função da bola. Seguem a bola, movimentam-se para onde a bola for, e ocupam o espaço em volta da bola, obrigando o adversário ao erro ou tentando o desarme. Segundo Vasquez Folgueira (2001), a flutuação refere-se à movimentação em largura quando o adversário passa a bola entre diferentes zonas do campo, movimentação essa coordenada entre os vários jogadores da equipa. Por exemplo na figura a seguir, a equipa ocupa o espaço onde se encontra a bola:
Em que situações utilizar a flutuação?
Vamos pensar em conjunto: se com a flutuação, os jogadores se organizam em volta do centro de jogo, para levar o adversário ao erro ou tentar o desarme, como podemos desenvolver uma forma de jogar em volta deste princípio? Em primeiro lugar, precisamos saber como o adversário vai tratar a bola, para onde a vai levar e o que vai tentar fazer com ela. É fulcral saber em que momento devemos recuperar a bola, para que o nosso processo ofensivo seja mais eficaz e facilitado. Em segundo lugar, organizamos a equipa para recuperar a posse de bola:
- Antes de a bola ser recuperada: movimentando-se sempre com o espaço fechado
- Recuperando a bola: especialmente se for o momento certo para o fazer
- Tratando bem a bola: não vale a pena perder a bola logo após a recuperar
Mas, porquê tratar bem a bola depois de a recuperar, e como o fazer?
Podemos utilizar duas estratégias diferentes. Se o adversário liberta muito espaço no seu lado do campo, tentar o contra-ataque é uma boa estratégia. Mas se o adversário causa demasiada pressão no centro de jogo, ou dispõe de muitos jogadores nessa zona, ou ainda ocupa bem o seu espaço defensivo, não adianta tentar ações ofensivas com a bola. O risco é muito elevado. Existe um termo, "retirada da pressão" ou como quiserem chamar, onde o portador retira a bola da zona de pressão logo após a recuperar, passando a mesma a um colega de equipa. Esse colega, agora com mais espaço, pode voltar a libertar para outro colega ainda com mais espaço para jogar ou iniciar uma jogada ofensiva. Mesmo que a equipa perca a posse nessa jogada ofensiva, perdeu tentando levá-la à baliza adversária com um propósito, logo não será em vão.
O que é o equilíbrio defensivo?
Nem sempre é necessário criar zonas de pressão para forçar o adversário a cometer erros. Muitas vezes é mais fácil não permitir ao adversário ter por onde progredir, que ele mesmo encarrega-se de cometer erros sem grande pressão defensiva da nossa equipa. Evidentemente que não refiro deixar o adversário entrar na nossa zona defensiva e fazer da bola o que quiser. A função do equilíbrio defensivo será organizar os jogadores no espaço defensivo de forma homogénea pela amplitude do campo, sempre com ações de desarme e pressão quando a bola passa perto de um jogador.
Em que situações utilizar o equilíbrio defensivo?
Apesar de a flutuação estender a ocupação do espaço numa determinada área, essa ocupação deve ser equilibrada. Significando isso que, se o espaço em volta da zona da bola for demasiado ocupado, isto é, tem muitos jogadores nessa zona, significa que vai haver espaços no campo sem ocupação, espaços livres, por onde o adversário pode levar a bola e criar situações a partir daí. O princípio do equilíbrio defensivo busca contornar esse problema, dividindo os jogadores de forma equilibrada no espaço do campo. Para isso, necessitamos de dividir os jogadores entre centro de jogo e fora do centro de jogo, assim como dividir os jogadores no espaço no centro do jogo e fora do centro do jogo.
Portanto, se o adversário ataca em pontos diferentes da nossa defesa onde não sabermos por onde vai atacar, a melhor opção é mesmo defender todo o nosso campo de forma equilibrada, e reagir rapidamente quando o adversário entra numa zona. Como mostra a figura, não importa por onde ataque o adversário, que encontrará sempre dificuldades por parte da nossa equipa.
Que vantagens têm a nossa equipa com o equilíbrio defensivo?
Imensas, obviamente. Podemos até referir que a marcação à zona é orientada pelo princípio do equilíbrio defensivo. A principal vantagem é manter o espaço sempre ocupado, mesmo quando dois ou três jogadores se soltam para pressionar o adversário. Mesmo nessa situação, restam sempre jogadores em cobertura defensiva, jogadores a ocupar o corredor lateral contrário, jogadores perto do centro do jogo prontos para entrar em ação ou fechar linhas de passe, assim como jogadores-chave adversários sempre pressionados por jogadores da nossa equipa.
Como relacionar estes dois princípios com o tamanho do campo?
Para fazer esta relação, vamos distinguir apenas dois tipos de campos de futebol: com muitíssima amplitude, e com pouquíssima amplitude. E se o leitor assim pretender, pode estudar porque o tamanho do campo influencia no rendimento das equipas para entender melhor a questão agora apresentada: como relacionar estes dois princípios com o tamanho do campo?
>>> Em campos com baixa amplitude
Servir-se da flutuação pode ser um excelente método defensivo. Quando a equipa joga em campos pouco largos, e movimenta-se em função da bola, basculando, existirá sempre uma pressão elevada em volta do centro de jogo. Uma vez que o campo é pouco largo, a equipa demora pouco tempo a flutuar entre um corredor e o outro, alcançando rapidamente o espaço onde se encontra a bola. Isto quer dizer que, em campos pouco amplos, a flutuação irá criar elevada pressão em cima do adversário com facilidade
>>> Em campos com elevada amplitude
Servir-se da flutuação para um campo tão largo, desgastando tanto os jogadores e fazendo-os perder tanto tempo a movimentar-se entre corredores é consideravelmente um erro, exceto se o adversário não tenta ampliar o seu jogo ofensivo. No futebol, consegue-se fazer a bola se mover mais depressa que os jogadores. Se vamos utilizar a flutuação, chega uma altura que o adversário nos encontra num lado do campo, e coloca a bola no outro lado do campo, onde tem espaço para jogar. Isso fará a nossa equipa não ter tempo suficiente para cobrir esse espaço, o que pode originar situações desvantajosas para a nossa equipa. O essencial para campos de elevada amplitude é ocupar o espaço horizontal de igual forma, e deixar apenas um pequeno espaço no corredor contrário à posição da bola. Mesmo que o adversário coloque rapidamente a bola nesse corredor, a nossa equipa tem jogadores perto dessa zona e fará pressão rapidamente.
Cito ainda que, a flutuação e equilíbrio são apenas dois princípios para organizar a organização defensiva da nossa equipa e que não devemos depender desses princípios para essa organização. Existem outros fatores, como a estratégia adversária por exemplo, ou a posição das linhas de marcação.
Conclusão
Na final da liga Europa entre o SL Benfica e o Chelsea FC, enquanto eu via a partida com um colega meu, era fácil ficar com a impressão que o SL Benfica estava a controlar o jogo, quando na realidade não estava. Mesmo com muitos ataques e várias aproximações da baliza, o Chelsea FC defendeu sempre o seu espaço de forma equilibrada, com capacidade para pressionar em qualquer zona do campo. Esse meu amigo bem teimou que o SL Benfica ia ganhar, mas se eu tivesse apostado no que eu acreditava, tinha ganho algum dinheiro. Fica para a próxima. Nesse jogo, o ponto-chave para a vitória da equipa inglesa foi o equilíbrio na sua zona, justamente pelo que aqui tratamos.
Importante será mesmo referir que a flutuação deve ser orientada pelo equilíbrio, em que a ocupação do espaço deve ser feita de forma equilibrada. Se for ao contrário, a flutuação não orienta o equilíbrio defensivo, uma vez que a ocupação equilibrada dos espaços não é flutuar, mas ocupar organizadamente o espaço, para que não haja um espaço livre em lado algum da defesa. Ficam aqui alguns artigos que o leitor certamente considerará importantes:
29 junho 2013
A importancia da flexibilidade dos modelos de jogo
Posted by Valter Correia |
O que é um modelo de jogo flexível?
Vamos até ao fundo da questão. No que diz respeito ao modelo de jogo, podemos dividir em duas partes: sistema tático e processos de jogo. O sistema tático, isto é, a representação dos jogadores como 4-3-3 ou 4-4-2, orienta os processos de jogo e com isso, os jogadores em campo. Não influencia diretamente no rendimento da equipa, embora seja a base para todo o rendimento da equipa. Os processos de jogo representam como a equipa vai jogar, seja a defender, a atacar ou a transitar entre momentos de jogo. Ao juntar a forma como a equipa de organiza (sistema tático) e a forma como a equipa joga (processos de jogo), encontramos o nosso modelo de jogo e podemos então fazer a equipa jogar à nossa imagem.
Levando as nossas ideias para o terreno de jogo, vamos encontrar sempre equipas diferentes, onde essas equipas tem também a sua organização da equipa e os seus processos, e com isso, tem o seu próprio modelo de jogo. Isto significa que vamos encontrar dificuldades perante um adversário organizado, disposto a vencer a partida e, ao longo da partida, vamos ter que fazer alterações na equipa para melhorar as nossas hipóteses de vencer a partida.
Para que essas alterações possam ter sucesso, precisamos de estar preparados para as fazer. E para que os jogadores estejam prontos para essas alterações, temos que os preparar no treino. É exatamente através do treino que cada equipa busca a sua organização no modelo de jogo. Feito isto, a equipa só pode fazer alterações no decorrer de uma partida de futebol se o seu modelo de jogo permitir e estiver devidamente preparada para o fazer. Vamos enumerar várias razões porque um modelo de jogo deve ser flexível, mas esta é a mais importante: capacidade em moldar a equipa consoante a competição.
É precisamente nesta capacidade que nos baseamos para compreender o que é um modelo de jogo flexível, pois um modelo de jogo flexível, é um modelo de jogo cujas próprias características permitem moldar a equipa a curto prazo (durante uma partida por exemplo) ou a longo prazo (durante uma competição completa). Portanto, modelos de jogo estáticos, que tem sempre a mesma forma de jogar, além de serem previsíveis, têm sempre poucas soluções. Já os modelos de jogo flexíveis têm imensas soluções para as diferentes dificuldades que encontram.
5 razões porque um modelo de jogo deve ser flexível
Existem várias razões porque um modelo de jogo deve ser flexível e adaptável. A seguir, deixamos algumas dessas razões:
>>> Competição variada
Durante a competição, enfrentam-se diferentes estilos de jogo. Quando a nossa equipa defronta uma equipa, irá encontrar um estilo de jogo. Se enfrentar outra equipa, irá encontrar outro estilo de jogo diferente. Quanto mais equipas defrontarmos, mais estilos de jogo diferentes vamos encontrar. Existe um provérbio que diz: " a mesma tática, a mesma vitória". No futebol, essa filosofia não se aplica. Podemos usar o mesmo estilo vários jogos porque é dessa forma que a equipa está habituada a jogar, mas não podemos usar as mesmas formas de atacar e defender, porque os vários adversários atacam e defendem de formas diferentes. Temos que nos adaptar jogo a jogo. Mourinho, pelo qual existe um dos melhores livros de futebol que existem, afirma também que cada jogo é um jogo e difere dos restantes jogos. Completando, não existem dois jogos iguais.
>>> Risco de lesões
Existe sempre o risco de lesões. Apesar de nenhum jogador ser insubstituível, todos tem um estilo diferente de jogar, e por isso, quando um jogador é substituído, o estilo da equipa altera-se parcialmente ou completamente. Assim, quando um jogador titular se lesiona, o seu substituto pode ser um jogador excelente e realmente acrescentar algo à equipa. No entanto, dificilmente o seu estilo será igual, e por isso o estilo da equipa será também diferente.
>>> Evolução do modelo de jogo ao longo da época.
Durante a competição, principalmente em equipas bem organizadas, serão encontradas sempre falhas a corrigir e ideias para melhorar o estilo de jogo de uma equipa à medida que a época vai avançando. Geralmente, os jogadores são ou deviam ser capazes de cumprir pelo menos duas funções na organização da sua equipa. Mas, no meio da equipa, pode acontecer que determinado estilo de jogo de um jogador não funcione. O treinador procura então um segundo estilo para o jogador, que acabará por influenciar o desenrolar do jogo de toda a equipa. Caso um modelo de jogo seja flexível, o treinador pode alterar o estilo dos jogadores sem que o rendimento seja quebrado, mas até melhorado.
>>> Substituições e alterações táticas
Substituições ou alterações táticas são sempre uma dor de cabeça por indecisões que muitas mentes acarretam. A meio de uma partida de futebol, é sempre necessário alterar a constituição da organização da equipa, e os resultados tendem a ser melhores se a equipa estiver pronta para essas alterações. Novamente com a ideia que jogadores diferentes tem estilos de jogos diferentes, e que cada jogador fará a equipa jogar de forma diferente, quando o treinador faz uma substituição, o estilo de jogo da equipa é alterado. O importante é que a equipa esteja preparada para isso, sendo que essa preparação parte da organização da equipa ainda no modelo de jogo.
>>> Evolução dos jogadores.
Quando os jogadores entram na rotina, é sinal que a sua evolução vai estagnar ou até recuar. O ser humano tem a sua mente insaciável e precisa de aprender sempre algo novo. Um modelo de jogo vale pelo que os jogadores aprendem para melhorar a sua organização em campo. Caso o modelo de jogo seja simples, os jogadores aprendem tudo depressa e deixam de evoluir tática e tecnicamente. Já se o modelo de jogo tiver várias soluções, isto é, tem várias formas de jogar e pode evoluir para outros níveis relacionados com o nível de dificuldade que se encontra, os jogadores podem continuar a evoluir até que o seu próprio organismo não permita ou precise descansar. Esta é uma razão porque José Mourinho, nos seus tempos primordiais de treinador principal, afirmava que treinava o 4-3-3 e depois alternava para o 4-4-2 losango. O próprio treinador (não por estas palavras) afirmava que no segundo ano a evolução dos jogadores iria estagnar, e não podia permitir que tal acontecesse. Servia-se do 4-4-2 losango pela dificuldade em ocupar espaços, levando os jogadores a concentrarem-se apenas pelo seu esforço.
Quais são as características necessárias para que um modelo de jogo seja flexível e tenha resultados satisfatórios?
Qualquer modelo de jogo pode ter várias soluções, mas a equipa não ter resultados, bem como um modelo de jogo pode até ser pouco flexível, mas os resultados da equipa são satisfatórios. Existem duas razões principais para que o modelo de jogo seja flexível e tenha os resultados pretendidos:
>>> O modelo de jogo deve ser bem treinado
De nada serve ter um super modelo de jogo, se a equipa não sabe como jogar dessa forma. Não basta ao treinador utilizar exercícios técnicos e pedir para os jogadores jogarem da forma como pretende. Se ainda por cima lhes gritasse, então é que eles não jogavam mesmo. Necessário sim, é ensiná-los e treiná-los, através de exercícios técnico-táticos, desde que estes sejam específicos, isto é, treinem os jogadores da forma que o modelo de jogo lhes pede para jogar.
>>> Inter-relação entre os vários processos e jogadores
Para que um modelo de jogo seja flexível, não basta ter apenas duas formas de jogar distintas. É necessário que as várias formas de jogar, mesmo que sejam muitas, sejam formas de jogar que os jogadores podem fazer ou podem vir a fazer (sejam capazes de as realizar após bem treinados). O que quero dizer é que cada jogador é adaptável a uma forma de jogar, e é um erro grosseiro fazer o jogador jogar algo que não sabe. Primeiro, precisa ser treinado, e só depois é que pode ser ensinado a jogar como queremos. E para que o jogador tenha melhores hipóteses de vir a ser bem-sucedido em vários estilos de jogo diferentes, depende da sua adaptação a esses estilos, assim como da adaptação à diferença desses estilos, uma vez que, sendo os estilos diferentes, o jogador necessita jogar de formas diferentes.
Conclusão
Após esta breve análise, ficamos a compreender a importância de um modelo de jogo ser adaptável e maleável a vários estilos de jogo. Tal como se fosse um jogo de xadrez, ter apenas um caminho para atacar seria muito fácil para o adversário defender. Já no futebol, utilizar um modelo de jogo estático é tão benéfico para os adversários como prejudicial para a própria equipa pelas razões acima numeradas. Numa outra análise, estudaremos algumas dicas para criar um modelo de jogo flexível, mas por agora, deixo o leitor com alguns artigos importantes:
28 junho 2013
25 junho 2013
Estratégias para treinar ataques rápidos e ataques posicionais
Posted by Valter Correia |
Para compreender a periodização tática e o porquê deste tipo de treino ser tão eficaz para o modelo de jogo que pretendemos adotar na nossa equipa, precisamos de ir buscar alguns fundamentos da periodização tática. O comportamento do ser humano é constituído por hábitos que, por um lado, nos ajuda a estabilizar as nossas vidas, e por outro lado, cria barreiras na nossa evolução. Isto significa que, quando nos habituamos a fazer algo, que implica fazer, e repetir várias vezes, tornámo-nos especialistas nessa tarefa.
Então, transferindo esta ideia para o futebol, a periodização tática não serve para treinar a forma física geral dos jogadores, porque isso não é necessário no jogo. Em vez disso, a periodização tática serve para treinar o comportamento dos jogadores, repetindo esses comportamentos várias vezes em situações semelhantes, até que o cérebro de cada jogador aprenda e mais tarde se habitue a jogar da forma como treinou.
Através da periodização tática, cuja filosofia se vai buscar fora da vertente tática mas que treina essa vertente, é possível modelar a forma de jogar que queremos para a nossa equipa, repetindo várias vezes os comportamentos que o nosso modelo de jogo contém, enfrentando os comportamentos que a nossa equipa vai encontrar.
Gostaria apenas de salientar que este artigo tambem foi publicado no Jornal Record
Estratégias para treinar ataques posicionais e ataques rápidos
É verdade quando afirmamos que o ataque posicional e o ataque rápido têm os princípios de jogo tratados de forma diferente. Se por um lado o ataque posicional requer que a bola seja cuidada, com processos de jogo mais demorados, por vezes até complexos, os ataques rápidos são processos ofensivos globalmente mais simples, normalmente com um desgaste maior, com um número de ataques maior e com criação de mais oportunidades de golo. Assim, baseando neste argumento, podemos traçar uma estratégia para os ataques posicionais e outra para os ataques rápidos, sendo cada uma dessas estratégias especialmente orientadas pela vertente psicológica. Cada uma das estratégias será ideal para usar quando o treinador pretende criar alta performance no rendimento dos atletas, criando hábitos de pensar e preparar o jogo, assim como hábitos para se concentrarem no jogo. São duas entre dezenas de estratégias possíveis para criar excelentes processos de jogo dentro de um plantel.
Estratégia para ataque posicional
Se o leitor pretende ter uma equipa que ataca posicionalmente, uma excelente método será organizar a sua equipa num jogo onde essa equipa simula que está a perder. Por exemplo, vamos dividir o plantel em duas equipas, uma que vai fazer o ataque posicional como pretendemos, e outra que vai servir de obstáculo, como único objetivo é contra-atacar. Adicionando a isto, a equipa que ataca posicionalmente simula que está a perder 1-0 e tem apenas 5 ou 10 minutos para, pelo menos empatar.
A condição do exercício é, quer a equipa atacante queira ou não, será organizar o seu jogo, tanto para defender como para atacar. Uma vez que a equipa contrária está pronta para contra-atacar, o resultado é negativo e existe pouco tempo para recuperar esse resultado, que felizmente é curto, o risco de perder a bola é muito elevado, pois isso indica probabilidade de sofrer um golo, e caso isso aconteça, é muito provável a equipa ficar a perder 2-0 e com isso ser incapaz de recuperar o resultado.
Quanto ao treinador, pede quais são os processos que a equipa deve utilizar, quais são os jogadores responsáveis por cada parte de um processo, e por aí adiante. A única condição é fazer a equipa enfrentar outra equipa, que está a ganhar, e que pode resolver o jogo a qualquer momento.
Para isso, precisa de se organizar, ligar os vários setores, para que os jogadores responsáveis pelos processos ofensivos possam atacar com liberdade, sabendo que estão protegidos se perderem a bola. Estamos portanto, perante uma situação com pressão psicológica, onde os jogadores são obrigados a afastar a pressão de um resultado negativo para se reorganizarem como um todo para que então possam vencer uma partida complicada. Mais tarde, este exercício pode ser evoluído para um resultado negativo com diferença de golos maior, obrigando os jogadores a fazer mais de um golo e a pensarem ainda mais depressa
Estratégia para ataque rápido
O ataque rápido não envolve os mesmos princípios de jogo que o ataque posicional, ou pelo menos, os princípios de jogo não são envolvidos da mesma forma. Se o ataque posicional necessita de se organizar para atacar, o ataque rápido precisa ser explosivo e objetivo. Para isso, podemos utilizar novamente o contrarrelógio para desenvolver o ataque rápido da equipa.
Em uma situação semelhante à do ataque posicional, uma equipa organiza-se para atacar e outra organiza-se para defender. A equipa que pretendemos treinar o nosso processo de ataque rápido é a equipa que ataca. Para a equipa que defende podemos treinar pressing forte para dificultar a tarefa da equipa que ataca
Então vamos dividir o grupo em duas equipas, e indicar à equipa que vai atacar, quais são os processos de ataque que o treinador pretende. Por exemplo, três ataques variados pelo lado direito, duas situações nas costas da defesa e dois cruzamentos através do meio-campo, não importa de onde. Importa sempre é que cada processo ofensivo que o treinador pediu seja completo, com situação de finalização onde a bola vá à baliza.
Entretanto, para que este exercício seja completo, a equipa tem novamente apenas 5 ou 10 minutos para realizar todos os ataques que o treinador pretende, perante uma equipa bem organizada. Por sua vez, a equipa que defende, o único objetivo é recuperar a posse de bola, e a partir daí, fazer a bola circular, fazendo a equipa atacante perder tempo para realizar todos os seus processos ofensivos. Assim, obrigamos a equipa atacante a atacar bem e a recuperar a posse de bola rápido, para que possa iniciar sempre mais um ataque, novamente com um limite de tempo para o fazer
Análise final
Após a análise a ambas as estratégias, sabemos que ambas as situações são complicadas para a equipa que ataca, e que ambas as situações impõem um limite de tempo para os jogadores. Quer os jogadores queiram ou não queiram, são obrigados a concentrar-se unicamente no jogo para que os seus objetivos possam ser propostos. Para ambos os casos, cada equipa precisa ser rápida a agir e a pensar, algo que já explicamos em quatro razões porque as melhores equipas são muito fortes na antecipação. Por sua vez, obriga também as equipas a jogar de forma organizada entre os quatro momentos de jogo
18 junho 2013
Entenda porque razão, os clubes não devem formar apenas jogadores, mas tambem homens
Valter Correia |
A importância da formação do jogador para que possa servir os interesses do clube é uma questão muitíssimo importante, uma vez que o clube necessitará do jogador por várias razões, tais como:
- Valorizar o jogador, procurando a venda por uma boa quantia de dinheiro
- Potencial individual e coletivo, melhorando o rendimento desportivo da equipa
- Criar histórico de sucesso no clube, ao longo do tempo
- Potencializar o futuro do clube
Compreendendo a importância destes aspetos para o clube e para o jogador, devemos também compreender que o jogador não serve apenas como ferramenta dentro de campo, uma vez que nunca deixa de ser um ser humano, dentro e fora do campo. Quero com isto dizer que o atleta não deve ser apenas formando como jogador, mas como pessoa e ser ensinado em valores desportivos como em valores morais e éticos.
A formação do jovem atleta
Existem imensas escolas de futebol, responsáveis por formar jogadores de futebol no bom sentido da palavra, e apenas exercitar jovens atletas que mais tarde não seguirão carreira. Muitos jovens, mais tarde ou mais cedo, acabam por abandonar o futebol por várias razões, seja porque preferem uma profissão diferente ou não veem futuro no futebol, seja porque não tem dinheiro para continuarem a praticar desporto, ou não tenham sequer tempo para o fazer, devido a outras atividades. Porém, todo o tempo que o jovem atleta gasta no clube, deve ser aproveitado, formando-o como jogador e principalmente como pessoa. Vejamos algumas situações que podem ocorrer após a má formação de um atleta, no que diz respeito à formação pessoal e não profissional:
- Um atleta, que não foi ensinado a defender os valores do clube, acaba por não se importar com os objetivos do clube e deixa o clube sem deixar rendimento
- Um atleta, que não compreende que o grupo é mais importante que o individual, irá tentar valorizar-se a si próprio, mesmo que para isso desvalorize os seus colegas
- Um atleta, que julga ser superior tecnicamente em relação aos colegas do grupo, poderá tentar ações individuais e queimar ações coletivas da equipa
- Um atleta, que não sabe que parte da sua responsabilidade é manter o companheirismo, ou não lhe foi imposto limites no seu lugar no grupo, poderá tentar destabilizar o grupo.
Como podemos ver, existem vários problemas causados pela má formação do atleta no que diz respeito ao seu comportamento fora do campo. Durante a fase da adolescência do atleta, o clube oferece algo a que podemos chamar de primeiro emprego, onde o atleta poderá aprender valores que não aprende em casa, pois a sua casa não é um emprego. Por exemplo, em casa aprende o que é a ética e a educação, e no seio do plantel, aprende o que é companheirismo e humildade. Vejamos o depoimento enviado pela nossa leitora, Joana Maia:
Os pais, os seus filhos, e a bola que se intromete pelo meio Será uma preocupação inerente a quase todos aqueles que são pais de proporcionar aos filhos uma atividade que lhes permita combater a ociosidade, a falta de atividades nos seus tempos livres e, por outro lado, fomentar o desporto, a socialização, o saber e fazer respeitar regras, o altruísmo, a capacidade de superação, o desejo de vencer, o respeito pelo próximo, etc.. Sabemos, nós treinadores, que talvez sejamos as pessoas mais importantes no que concerne à transmissão dos valores apregoados pelas Instituições desportivas e, por esse facto, temos uma enorme responsabilidade entre mãos porque se estivermos mal preparados ou se pensarmos exclusivamente em desempenhar o nosso papel de TREINADOR poderemos estar a deformar os nossos atletas ao invés de potenciar todas as suas vertentes humanas. Claro que é uma tarefa de certa forma complexa que requer da nossa parte um conhecimento aprofundado de algumas ciências humanas mas, acima de tudo, que manifeste uma sensibilidade muito específica e devidamente direcionada para os diferentes grupos etários. Não nos podemos esquecer da forma como os atletas nos veem, da imagem que personificamos e, por tudo isso, os nossos atos serão diariamente escrutinados por todos eles, analisados ao mais ínfimo pormenor e posteriormente serão dissecados e trabalhados de acordo com as suas preferências. Claro que os Pais almejam, uns mais que outros, é certo, o sucesso quase imediato e sucessivo dos seus periquitos cedendo também eles à tentação de lhes exigir mais do que efetivamente poderão dar. É neste contexto que o papel do treinador se assume como catalisador, quer da vontade do Pai, quer da apetência do filho para a prática de determinado Desporto, na abordagem dessa problemática no sentido de clarificar e definir da melhor forma qual o melhor caminho a ser seguido pelo atleta. A competência do treinador e a sua constante reflexão sobre aquilo que se faz nos treinos ajuda a minimizar possíveis erros de avaliação sendo certo porém que por mais preparado que esteja poderá não ser suficiente para garantir um crescimento sustentado e harmonioso do atleta. Porque há situações que estão fora do controlo do treinador, e aí muitas vezes surge o papel do Pai na sua abordagem durante e fora do treino do filho que despoleta na maioria das vezes o contraditório na sua mente, este terá de desmistificar toda essa informação sob pena de colocar em risco o grupo que orienta. Já assisti a atletas, nas mais variadas idades, a repreenderem os seus progenitores pela forma obsessiva com que os abordavam no sentido de melhorarem o seu rendimento em campo. Assim como nas nossas vidas profissionais eles também começam a fazer as suas escolhas no desporto que praticam, nas tomadas de decisão que são obrigados a fazer e na assertividade das mesmas por isso o ideal será porventura ficarem lado a lado mas com a bola na posse do filho. Afinal de contas quem tem a bola é quem manda no jogo. |
Neste contexto, devemos atribuir ao clube e ao treinador, a responsabilidade de formar o jovem atleta, seja para potencializar o futuro do próprio clube, o nível de opções táticas e estratégias como imagem do clube, seja a nível desportivo, uma vez que, quando o atleta sair e representar outro clube, será uma garantia para o novo clube que terá um profissional a defender as suas novas cores, permitindo assim a evolução e valorização do desporto. Se todos os clubes se dedicarem à formação de atletas e profissionais, o futebol nunca se tornará um caos.
13 maio 2013
A estabilizacao da forma desportiva
Posted by Valter Correia on May 11, 2013 at 1:35 PM |
A evolução do treino no futebol
Atualmente, com ajuda da globalização e da constante atualização dos meios de comunicação, temos o direito de considerar que o estudo do treino desportivo assumiu um grande desenvolvimento, sendo cada vez mais estudado, trabalhado e procurando-se diferentes respostas às mesmas perguntas: "como treinar?" e "o que treinar?". Através do esquema seguinte, representando a necessidade de evolução do treino do futebol, compreendemos facilmente porque estas duas perguntas nunca estão respondidas, uma vez que a inserção de novos métodos de treino possibilita novas evoluções competitivas.
Aprofundando este esquema, partindo do princípio que o futebol está em constante evolução onde os adversários de uma equipa buscam respostas às adversidades e novas soluções que permitam o seu desenvolvimento, essa equipa deve igualmente procurar respostas para que qualquer adversário nunca esteja um passo à frente. A partir do momento que se consegue uma evolução no treino, sendo possível a integração de novos processos e estratégias no jogo, automaticamente se procuram atualizações a esses processos e uma forma de os treinar. A competição (que necessita de rendimento) é responsável pela constante evolução do treino no futebol e vice-versa.
O que fazer para que o jogador alcance elevado rendimento?
Bem, como os jogadores não são todos iguais, não devemos procurar nenhum padrão de treino. Procurar criar esse padrão é um erro, porque treinar todos os jogadores da mesma forma beneficiará mais uns jogadores do que outros jogadores. Aquilo que devemos fazer é criar um método de treino e não um padrão de treino. Pela experiência que cada atleta tem assim como devido ao organismo do atleta, as respostas aos estímulos do treino dadas pelos atletas será sempre diferente de uns para os outros. Desta forma, devemos basear-nos num paradigma de treino adaptável a todos os jogadores e não a uma forma de treinar contínua. Antes de mais, devemos procurar compreender como reage o organismo de cada jogador aos estímulos do treino, isto é, se o jogador aprende melhor ou pior, mais depressa ou mais devagar, se evolui ou não evolui a determinados estímulos. Depois, comparando os resultados obtidos de todos os jogadores e aliando estes resultados à forma de jogar que pretendemos instaurar na equipa é que podemos encontrar um método de treino viável.
Quero com isto dizer que devemos relacionar a capacidade dos jogadores com o modelo de jogo que pretendemos para a equipa e então encontrar um método de treino que possa adaptar os jogadores ao nosso modelo de jogo. Lembrando que nem todos os métodos de treino servem para treinar todos os modelos de jogo, isto é, cada equipa tem apenas um método de treino por modelo de jogo, devemos sempre ser hábeis a avaliar a evolução dos jogadores durante o treino. De outra forma, não sabemos se o método de treino que escolhemos dá certo sem avaliar a evolução dos jogadores.
Entretanto, como representa a figura acima, existe ainda um terceiro fator de elevado peso na modelação dos atletas. Embora vários desportos sejam parecidos e os atletas possam ser treinadores através de métodos idênticos, cada desporto tem a sua exigência a nível desportivo e coletivo, fator que condiciona (ou ajuda a solucionar) o método de treino. Sendo o futebol um desporto coletivo, onde a equipa joga como um todo, onde se procura a vantagem numérica perante cada adversário, onde a habilidade individual e coletiva de cada terá sempre o seu peso, tudo isto condiciona o treino. Significa isto que, para encontrar um método de treino, precisamos de adaptar os jogadores à realidade desportiva através de um modelo de jogo que possa servir essa realidade, para então encontrar um método de treino que possa instaurar esse modelo de jogo na equipa.
Assim, para ensinar um jogador a jogar futebol, temos de o ensinar de forma específica, através de um modelo de jogo que possa servir esse jogador e os seus colegas de equipa. E fazemo-lo através de um método de treino também este adaptado com especificidade para o futebol.
Quais as vertentes que nos devemos focar no treino?
Vamos partir da ideia que existem as partes e existe o todo, onde os dois se condicionam mutuamente. Por exemplo, um carro, que todos nós sabemos que é movido por um motor. Existe algum carro que anda apenas com o motor, mas sem rodas? E existe algum carro que de desloca sem motor? Por muito potente que seja um motor, não anda sozinho, e os pneus até podem ser novos e de corrida, mas não saem do sítio se não houver algo que os faça andar rodar. Trazendo esta ideia para o futebol, compreende-se que uma equipa não funciona pelo todo se não funcionarem as partes e vice-versa. Assim, sendo o futebol um desporto coletivo, devemos concentrar-nos em criar uma equipa através das partes e do todo, e devemos aprofundar esses dois significados para encontrarmos as vertentes que devemos treinar, adaptando-os à realidade desportiva.
Bem, sabemos que a condição física é uma condicionante do atleta, seja para o rendimento individual seja para o rendimento coletivo, e que por isso precisamos desenvolver. Sabemos que a vertente técnica e a vertente psicológica estão ligadas à vertente tática do jogador, e que as precisamos de treinar em simultâneo, treiná-las confrontando a vertente física do jogador. Desta forma, treinar cada jogador nestas quatro vertentes individuais em simultâneo com os restantes jogadores, buscando encontrar uma forma de jogar para a equipa é o melhor método para desenvolver um jogo na equipa. Digo treinar buscando uma forma de jogar, porque treinar os jogadores fazendo-os individualmente perfeitos sem os ensinar a jogar todos juntos por um objetivo não os fará jogar como um todo, mas como várias partes. Uma equipa deve trabalhar em função dum objetivo comum e não em função da habilidade individual.
Quais são as filosofias que devemos seguir para conseguir este desejado alto rendimento?
Podemos basear-nos nas questões respondidas anteriormente para resolver também esta questão. Já compreendemos que precisamos encontrar um equilíbrio entre as partes e o todo de uma equipa e agora vamos perceber como encontrar esse equilíbrio. Antigamente, uma época estava dividida em vários períodos, com picos de forma (picos de forma são alturas quando se concentram jogos mais difíceis ou maiores quantidades de jogos em determinado período de tempo) que era quando a competição se elevava imenso e as equipas usavam os períodos anteriores a cada pico de forma para restabelecer energias, como indicava a periodização convencional. Entretanto, treinar os atletas para obterem forma física consistente em várias alturas do ano não produzia os resultados pretendidos, porque após um pico de forma, a equipa tinha uma quebra de forma. Mesmo que houvesse jogos para disputar em períodos de forma baixa, era também necessário vencer esses jogos, e por isso procurou-se novos métodos de treino que pudessem estabilizar a forma física e consequentemente a forma desportiva. A periodização tática veio estabilizar a forma física e consequentemente a forma desportiva, através da criação de hábitos durante o treino.
Através do padrão semanal ou morfociclo (pertencente à periodização tática) onde o treino semanal é igual durante toda a época, isto é, de semana para semana, apesar dos conteúdos serem diferentes, a intensidade e o volume são iguais, habituando o jogador a desgastes constantes. Assim, encontrou-se uma forma de estabilizar o rendimento. Como o organismo dos jogadores habitua-se a determinados desgastes físicos e psicológicos constantes, o organismo faz recuperações similares de semana para semana, evitando desgastes excessivos de energia e não sendo assim preciso recuperar os jogadores por longos períodos de tempo.
Resumindo esta filosofia, baseada no organismo dos jogadores e a busca na estabilização do rendimento, equilibra-se o treino entre tempo necessário de recuperação e desgaste semanal, levando à estabilização desportiva e consequentemente sucesso desportivo, uma vez que todos os jogos são para vence
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