13 maio 2013

A estabilizacao da forma desportiva


Posted by Valter Correia on May 11, 2013 at 1:35 PM
       Dividindo a avaliação do rendimento de um jogador de futebol, encontraremos sempre dois grupos essenciais: forma física e forma competitiva.  Através dessa análise, buscando melhorar o rendimento da equipa, surgem questões relacionadas, como por exemplo "Como podemos fazer para que o jogador alcance elevado rendimento através do treino?"; "Quais são as vertentes que nos devemos focar? e "Quais são as filosofias que devemos seguir para conseguir esse desejado alto rendimento?". Hoje responderemos a estas perguntas, mas primeiro, vale sempre a pena relembrar qual é a atual realidade do treino do futebol.

       A evolução do treino no futebol

       Atualmente, com ajuda da globalização e da constante atualização dos meios de comunicação, temos o direito de considerar que o estudo do treino desportivo assumiu um grande desenvolvimento, sendo cada vez mais estudado, trabalhado e procurando-se diferentes respostas às mesmas perguntas: "como treinar?" e "o que treinar?". Através do esquema seguinte, representando a necessidade de evolução do treino do futebol, compreendemos facilmente porque estas duas perguntas nunca estão respondidas, uma vez que a inserção de novos métodos de treino possibilita novas evoluções competitivas.


       Aprofundando este esquema, partindo do princípio que o futebol está em constante evolução onde os adversários de uma equipa buscam respostas às adversidades e novas soluções que permitam o seu desenvolvimento, essa equipa deve igualmente procurar respostas para que qualquer adversário nunca esteja um passo à frente. A partir do momento que se consegue uma evolução no treino, sendo possível a integração de novos processos e estratégias no jogo, automaticamente se procuram atualizações a esses processos e uma forma de os treinar. A competição (que necessita de rendimento) é responsável pela constante evolução do treino no futebol e vice-versa.

       O que fazer para que o jogador alcance elevado rendimento?

       Bem, como os jogadores não são todos iguais, não devemos procurar nenhum padrão de treino. Procurar criar esse padrão é um erro, porque treinar todos os jogadores da mesma forma beneficiará mais uns jogadores do que outros jogadores. Aquilo que devemos fazer é criar um método de treino e não um padrão de treino. Pela experiência que cada atleta tem assim como devido ao organismo do atleta, as respostas aos estímulos do treino dadas pelos atletas será sempre diferente de uns para os outros. Desta forma, devemos basear-nos num paradigma de treino adaptável a todos os jogadores e não a uma forma de treinar contínua. Antes de mais, devemos procurar compreender como reage o organismo de cada jogador aos estímulos do treino, isto é, se o jogador aprende melhor ou pior, mais depressa ou mais devagar, se evolui ou não evolui a determinados estímulos. Depois, comparando os resultados obtidos de todos os jogadores e aliando estes resultados à forma de jogar que pretendemos instaurar na equipa é que podemos encontrar um método de treino viável.

       Quero com isto dizer que devemos relacionar a capacidade dos jogadores com o modelo de jogo que pretendemos para a equipa e então encontrar um método de treino que possa adaptar os jogadores ao nosso modelo de jogo. Lembrando que nem todos os métodos de treino servem para treinar todos os modelos de jogo, isto é, cada equipa tem apenas um método de treino por modelo de jogo, devemos sempre ser hábeis a avaliar a evolução dos jogadores durante o treino. De outra forma, não sabemos se o método de treino que escolhemos dá certo sem avaliar a evolução dos jogadores.




       Entretanto, como representa a figura acima, existe ainda um terceiro fator de elevado peso na modelação dos atletas. Embora vários desportos sejam parecidos e os atletas possam ser treinadores através de métodos idênticos, cada desporto tem a sua exigência a nível desportivo e coletivo, fator que condiciona (ou ajuda a solucionar) o método de treino. Sendo o futebol um desporto coletivo, onde a equipa joga como um todo, onde se procura a vantagem numérica perante cada adversário, onde a habilidade individual e coletiva de cada terá sempre o seu peso, tudo isto condiciona o treino. Significa isto que, para encontrar um método de treino, precisamos de adaptar os jogadores à realidade desportiva através de um modelo de jogo que possa servir essa realidade, para então encontrar um método de treino que possa instaurar esse modelo de jogo na equipa.
       Assim, para ensinar um jogador a jogar futebol, temos de o ensinar de forma específica, através de um modelo de jogo que possa servir esse jogador e os seus colegas de equipa. E fazemo-lo através de um método de treino também este adaptado com especificidade para o futebol.

       Quais as vertentes que nos devemos focar no treino?

       Vamos partir da ideia que existem as partes e existe o todo, onde os dois se condicionam mutuamente. Por exemplo, um carro, que todos nós sabemos que é movido por um motor. Existe algum carro que anda apenas com o motor, mas sem rodas? E existe algum carro que de desloca sem motor? Por muito potente que seja um motor, não anda sozinho, e os pneus até podem ser novos e de corrida, mas não saem do sítio se não houver algo que os faça andar rodar. Trazendo esta ideia para o futebol, compreende-se que uma equipa não funciona pelo todo se não funcionarem as partes e vice-versa. Assim, sendo o futebol um desporto coletivo, devemos concentrar-nos em criar uma equipa através das partes e do todo, e devemos aprofundar esses dois significados para encontrarmos as vertentes que devemos treinar, adaptando-os à realidade desportiva.

       Bem, sabemos que a condição física é uma condicionante do atleta, seja para o rendimento individual seja para o rendimento coletivo, e que por isso precisamos desenvolver. Sabemos que a vertente técnica e a vertente psicológica estão ligadas à vertente tática do jogador, e que as precisamos de treinar em simultâneo, treiná-las confrontando a vertente física do jogador. Desta forma, treinar cada jogador nestas quatro vertentes individuais em simultâneo com os restantes jogadores, buscando encontrar uma forma de jogar para a equipa é o melhor método para desenvolver um jogo na equipa. Digo treinar buscando uma forma de jogar, porque treinar os jogadores fazendo-os individualmente perfeitos sem os ensinar a jogar todos juntos por um objetivo não os fará jogar como um todo, mas como várias partes. Uma equipa deve trabalhar em função dum objetivo comum e não em função da habilidade individual.

     Quais são as filosofias que devemos seguir para conseguir este desejado alto rendimento?

       Podemos basear-nos nas questões respondidas anteriormente para resolver também esta questão. Já compreendemos que precisamos encontrar um equilíbrio entre as partes e o todo de uma equipa e agora vamos perceber como encontrar esse equilíbrio. Antigamente, uma época estava dividida em vários períodos, com picos de forma (picos de forma são alturas quando se concentram jogos mais difíceis ou maiores quantidades de jogos em determinado período de tempo) que era quando a competição se elevava imenso e as equipas usavam os períodos anteriores a cada pico de forma para restabelecer energias, como indicava a periodização convencional. Entretanto, treinar os atletas para obterem forma física consistente em várias alturas do ano não produzia os resultados pretendidos, porque após um pico de forma, a equipa tinha uma quebra de forma. Mesmo que houvesse jogos para disputar em períodos de forma baixa, era também necessário vencer esses jogos, e por isso procurou-se novos métodos de treino que pudessem estabilizar a forma física e consequentemente a forma desportiva. A periodização tática veio estabilizar a forma física e consequentemente a forma desportiva, através da criação de hábitos durante o treino.



       Através do padrão semanal ou morfociclo (pertencente à periodização tática) onde o treino semanal é igual durante toda a época, isto é, de semana para semana, apesar dos conteúdos serem diferentes, a intensidade e o volume são iguais, habituando o jogador a desgastes constantes. Assim, encontrou-se uma forma de estabilizar o rendimento. Como o organismo dos jogadores habitua-se a determinados desgastes físicos e psicológicos constantes, o organismo faz recuperações similares de semana para semana, evitando desgastes excessivos de energia e não sendo assim preciso recuperar os jogadores por longos períodos de tempo.

       Resumindo esta filosofia, baseada no organismo dos jogadores e a busca na estabilização do rendimento, equilibra-se o treino entre tempo necessário de recuperação e desgaste semanal, levando à estabilização desportiva e consequentemente sucesso desportivo, uma vez que todos os jogos são para vence

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