10 maio 2013

Descubra pormenores táticos que muitos treinadores desconhecem


Posted by Valter Correia on April 7, 2013 at 9:10 AM
       Alguns treinadores guardam sempre um livro com algumas ou mesmo muitas jogadas já pensadas e estudadas, sendo esse um livro que usam para preparar os jogos de futebol. O objetivo deste artigo não é apresentar ou falar de algum desses livros pessoais, mas apresentar algumas das jogadas, que mesmo sendo essenciais, passam ao lado de muitos adeptos de futebol.

       Lateral solto

       Imensas vezes encontrámos situações semelhantes à situação da figura, onde uma equipa defende uma determinada zona do campo, e surge sempre um jogador adversário solto no outro lado do campo. Esta situação tem um aspeto tático para a equipa que ataca e um aspeto tático para a equipa que defende.




       Para a equipa que ataca, o objetivo será conseguir espaço para progredir com a bola. Por isso, a equipa atacante deve utilizar o conceito da amplitude (o lateral ou extremo aparece solto, oferecendo amplitude à equipa), servindo-se de um jogador junto à linha lateral contrária ao centro de jogo. Muitos treinadores aproveitam este aspeto e tentam levar a equipa adversária para um lado do campo, subir um jogador no flanco contrário e tentar aproveitar o espaço que criaram.

       Para a equipa que defende, é mais importante ocupar o espaço em volta da bola do que o espaço longe da bola. Utilizando algo a que chamamos flutuação, proteger a zona em volta da bola, servindo-se da superioridade numérica, torna-se relativamente fácil. Através da flutuação, a equipa movimenta-se em função da posse de bola e ocupa o espaço em volta da bola, apenas ocupando outros espaços se realmente necessário. Muitos treinadores preferem proteger o centro do jogo, uma vez que se o adversário leva a bola para o flanco contrário, há sempre tempo para recuperar terreno e colocar a equipa entre a bola e a baliza. Caso se torne um abuso por parte da equipa atacante, um excelente conselho será ocupar o flanco contrário com um ou dois jogadores, ou impedir a bola de lá chegar.


 

       Transporte de bola

       Existem jogadores especialmente dotados, capazes de conduzir imenso a bola sem a perder. Este tipo de jogadores é um dos meus favoritos, especialmente se souberem quando devem soltar a bola. Através do exemplo a seguir, sabemos que quando um jogador transporta a bola, os adversários são obrigados a acompanhá-lo, caso contrário este levará a bola para espaços vazios que possa explorar. Portanto, a equipa defensiva deve equilibrar entre acompanhar o portador da bola e fechar o espaço de forma equilibrada, impedindo que a movimentação ofensiva tenha sucesso.



       Ao transportar a bola, o portador consegue obrigar o adversário a libertar espaço e ocupar outros espaços menos vitais, dificultando a tarefa defensiva da equipa sem bola. Aproveitando a movimentação do adversário, alguns colegas de equipa podem ocupar os espaços que foram libertados para que o portador lhes passe a bola.


 

       O médio defensivo como motor da equipa

       O médio defensivo é uma peça fundamental na maior parte dos modelos de jogo. Por exemplo, o 4-2-3-1 tem médios defensivos, qualquer 4-3-3 com meio-campo em triângulo tem médios defensivos, assim como o 4-1-4-1, e por aí adiante. Atualmente, o médio defensivo é utilizado para proteger a zona em frente aos defesas centrais durante o momento defensivo e é responsável várias vezes pela saída de jogo durante a transição ofensiva. Várias equipas servem-se do médio defensivo como principal motor da equipa nos vários momentos de jogo, onde este é responsável pela primeira cobertura defensiva aos médios centro ou interiores, pela ocupação de espaços livres quando algum defesa se solta da sua posição, ou mesmo pela distribuição de jogo durante a transição ofensiva. Vejamos alguns exemplos da dinâmica do médio defensivo:



       Contenção durante a saída de jogo
Quando os laterais aumentam a amplitude até às linhas laterais, apenas dois defesas centrais não chegam para equilibrar o espaço defensivo. O médio defensivo recua para a linha dos defesas centrais e ocupa o espaço entre os mesmos, como mostra a figura.

       Cobertura defensiva aos jogadores mais adiantados
É extremamente útil ter mais do que duas linhas atrás da linha da bola. Assim, caso um dos médios seja ultrapassado, o portador da bola encontra ainda duas linhas de marcação e não fica de cara a cara com os defesas centrais.

       Equilíbrio da zona entre defesas e médios
Muitas equipas são hábeis a explorar o espaço entre linhas do adversário. Adicionando um médio defensivo a este espaço, dificulta a tarefa dessas equipas, principalmente se o médio defensivo apenas ocupar essa zona e restringir-se de outras tarefas

       Distribuição de jogo
O médio defensivo, quase sempre posicionado no corredor central, dispõe de linhas de passe para trás, para o lado, em diagonal e para a frente. Aliando a visão de jogo e a habilidade em passar a bola, um médio defensivo com a função de distribuir jogo torna-se uma arma mortífera.


 

       A exploração dos espaços entre as linhas

       Quando referimos o quanto é importante a ocupação do espaço entre linhas ao estudar o médio defensivo compreendemos que existe uma grande importância na ocupação desses espaços. Perceberemos agora porque razão atribuímos tanta importância. O espaço entre a linha da defesa e a linha do meio-campo é o último espaço horizontal antes do espaço das costas da defesa. Através deste espaço. Especialmente no corredor central, podem ser criadas inúmeras situações de finalização, para não dizer mesmo todas. Assim, a ocupação deste espaço através da utilização de um médio defensivo é sempre um conveniente extremamente útil. Vejamos várias situações criadas através do espaço entre as linhas da defesa e do meio-campo:



       Troca de flanco para cruzamento
       A equipa troca rapidamente de flanco e consegue um cruzamento, servindo-se do caminho mais curto para trocar a bola de flanco



       Tabela em frente à grande-área
       Enquanto o avançado recua para receber a bola, o jogador que a passou, está já em movimento para a receber e finalizar sem oposição



       Transição rápida e dinâmica
       Mal a equipa recupera a posse de bola, esta consegue levá-la rapidamente ao ataque com poucos riscos de a perder


 

       Duplo lateral

       Provavelmente, eu nem deveria partilhar este pormenor tático de tal simples que é, embora seja inovador para 99% dos apaixonados pelo futebol. Este pormenor não convém ser utilizado em qualquer altura no jogo durante uma partida de futebol. O momento ideal será quando a equipa está toda em cima do adversário ou ataca por longos períodos de tempo, mantendo, ao mesmo tempo, a eficácia defensiva. Reparemos na seguinte imagem:



       Neste esquema tático, com dois médios defensivos por posição, um deles está adaptado, sendo um lateral esquerdo na posição de um médio defensivo. Foi adaptado porque a equipa necessitará das suas características ofensivas e ao mesmo tempo, sendo um lateral capaz de defender, necessitará das suas características defensivas.

       Como funciona?

       Geralmente, os laterais têm características defensivas e ofensivas. Quando é necessário recuperar de um resultado negativo, principalmente quando a equipa está sempre no seu meio-campo ofensivo, será realmente necessário manter um médio defensivo com pouca dinâmica ofensiva? Porque razão não podemos utilizar dois laterais, que atacam à vez, que sempre é uma solução mais ofensiva que um médio defensivo? Tem imensas vantagens, tais como:

- Manter ataque contínuo
- Deixar um lateral a recuperar fôlego para mais tarde atacar enquanto o outro lateral ataca
- Desgaste inferior ao desgaste adversário


       A principal vantagem deste método organizacional, reside na capacidade da equipa em atacar, e mal termine um ataque, ter condições para recuperar a bola e voltar a atacar imediatamente. Qualquer lateral tem, ou devia ter, vocação defensiva e principalmente, vocação ofensiva. A função do médio defensivo é essencialmente defender, e grande parte dos médios defensivos não tem a capacidade de desorganização do adversário como tem os laterais. Por sua vez, um lateral também não tem a mesma solidez defensiva dos médios defensivos, mas, para uma equipa que mantém ataque contínuo, a frieza de um lateral adaptado basta, pois este está habituado a defender.


       Vejamos, estamos numa altura do jogo onde é necessário atacar mais do que defender, é necessário desorganizar mais o adversário do que organizar uma zona onde a bola quase não circulará. Um lateral tem melhores condições para desorganizar do que um médio defensivo. E dois laterais, a apoiar constantemente a equipa, deixam qualquer adversário sufocado. Esta estratégia pode ser especialmente útil para equipas de posse de bola, com dois médios defensivos por posição, com ataque maioritário por um dos flancos.

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