Posted by Valter Correia on April 7, 2013 at 9:10 AM |
Lateral solto
Imensas vezes encontrámos situações semelhantes à situação da figura, onde uma equipa defende uma determinada zona do campo, e surge sempre um jogador adversário solto no outro lado do campo. Esta situação tem um aspeto tático para a equipa que ataca e um aspeto tático para a equipa que defende.
Para a equipa que ataca, o objetivo será conseguir espaço para progredir com a bola. Por isso, a equipa atacante deve utilizar o conceito da amplitude (o lateral ou extremo aparece solto, oferecendo amplitude à equipa), servindo-se de um jogador junto à linha lateral contrária ao centro de jogo. Muitos treinadores aproveitam este aspeto e tentam levar a equipa adversária para um lado do campo, subir um jogador no flanco contrário e tentar aproveitar o espaço que criaram.
Para a equipa que defende, é mais importante ocupar o espaço em volta da bola do que o espaço longe da bola. Utilizando algo a que chamamos flutuação, proteger a zona em volta da bola, servindo-se da superioridade numérica, torna-se relativamente fácil. Através da flutuação, a equipa movimenta-se em função da posse de bola e ocupa o espaço em volta da bola, apenas ocupando outros espaços se realmente necessário. Muitos treinadores preferem proteger o centro do jogo, uma vez que se o adversário leva a bola para o flanco contrário, há sempre tempo para recuperar terreno e colocar a equipa entre a bola e a baliza. Caso se torne um abuso por parte da equipa atacante, um excelente conselho será ocupar o flanco contrário com um ou dois jogadores, ou impedir a bola de lá chegar.
Transporte de bola
Existem jogadores especialmente dotados, capazes de conduzir imenso a bola sem a perder. Este tipo de jogadores é um dos meus favoritos, especialmente se souberem quando devem soltar a bola. Através do exemplo a seguir, sabemos que quando um jogador transporta a bola, os adversários são obrigados a acompanhá-lo, caso contrário este levará a bola para espaços vazios que possa explorar. Portanto, a equipa defensiva deve equilibrar entre acompanhar o portador da bola e fechar o espaço de forma equilibrada, impedindo que a movimentação ofensiva tenha sucesso.
Ao transportar a bola, o portador consegue obrigar o adversário a libertar espaço e ocupar outros espaços menos vitais, dificultando a tarefa defensiva da equipa sem bola. Aproveitando a movimentação do adversário, alguns colegas de equipa podem ocupar os espaços que foram libertados para que o portador lhes passe a bola.
O médio defensivo é uma peça fundamental na maior parte dos modelos de jogo. Por exemplo, o 4-2-3-1 tem médios defensivos, qualquer 4-3-3 com meio-campo em triângulo tem médios defensivos, assim como o 4-1-4-1, e por aí adiante. Atualmente, o médio defensivo é utilizado para proteger a zona em frente aos defesas centrais durante o momento defensivo e é responsável várias vezes pela saída de jogo durante a transição ofensiva. Várias equipas servem-se do médio defensivo como principal motor da equipa nos vários momentos de jogo, onde este é responsável pela primeira cobertura defensiva aos médios centro ou interiores, pela ocupação de espaços livres quando algum defesa se solta da sua posição, ou mesmo pela distribuição de jogo durante a transição ofensiva. Vejamos alguns exemplos da dinâmica do médio defensivo:
Contenção durante a saída de jogo
Quando os laterais aumentam a amplitude até às linhas laterais, apenas dois defesas centrais não chegam para equilibrar o espaço defensivo. O médio defensivo recua para a linha dos defesas centrais e ocupa o espaço entre os mesmos, como mostra a figura.
Cobertura defensiva aos jogadores mais adiantados
É extremamente útil ter mais do que duas linhas atrás da linha da bola. Assim, caso um dos médios seja ultrapassado, o portador da bola encontra ainda duas linhas de marcação e não fica de cara a cara com os defesas centrais.
Equilíbrio da zona entre defesas e médios
Muitas equipas são hábeis a explorar o espaço entre linhas do adversário. Adicionando um médio defensivo a este espaço, dificulta a tarefa dessas equipas, principalmente se o médio defensivo apenas ocupar essa zona e restringir-se de outras tarefas
Distribuição de jogo
O médio defensivo, quase sempre posicionado no corredor central, dispõe de linhas de passe para trás, para o lado, em diagonal e para a frente. Aliando a visão de jogo e a habilidade em passar a bola, um médio defensivo com a função de distribuir jogo torna-se uma arma mortífera.
A exploração dos espaços entre as linhas
Quando referimos o quanto é importante a ocupação do espaço entre linhas ao estudar o médio defensivo compreendemos que existe uma grande importância na ocupação desses espaços. Perceberemos agora porque razão atribuímos tanta importância. O espaço entre a linha da defesa e a linha do meio-campo é o último espaço horizontal antes do espaço das costas da defesa. Através deste espaço. Especialmente no corredor central, podem ser criadas inúmeras situações de finalização, para não dizer mesmo todas. Assim, a ocupação deste espaço através da utilização de um médio defensivo é sempre um conveniente extremamente útil. Vejamos várias situações criadas através do espaço entre as linhas da defesa e do meio-campo:
Troca de flanco para cruzamento
A equipa troca rapidamente de flanco e consegue um cruzamento, servindo-se do caminho mais curto para trocar a bola de flanco
Tabela em frente à grande-área
Enquanto o avançado recua para receber a bola, o jogador que a passou, está já em movimento para a receber e finalizar sem oposição
Transição rápida e dinâmica
Mal a equipa recupera a posse de bola, esta consegue levá-la rapidamente ao ataque com poucos riscos de a perder
Provavelmente, eu nem deveria partilhar este pormenor tático de tal simples que é, embora seja inovador para 99% dos apaixonados pelo futebol. Este pormenor não convém ser utilizado em qualquer altura no jogo durante uma partida de futebol. O momento ideal será quando a equipa está toda em cima do adversário ou ataca por longos períodos de tempo, mantendo, ao mesmo tempo, a eficácia defensiva. Reparemos na seguinte imagem:
Neste esquema tático, com dois médios defensivos por posição, um deles está adaptado, sendo um lateral esquerdo na posição de um médio defensivo. Foi adaptado porque a equipa necessitará das suas características ofensivas e ao mesmo tempo, sendo um lateral capaz de defender, necessitará das suas características defensivas.
Como funciona?
Geralmente, os laterais têm características defensivas e ofensivas. Quando é necessário recuperar de um resultado negativo, principalmente quando a equipa está sempre no seu meio-campo ofensivo, será realmente necessário manter um médio defensivo com pouca dinâmica ofensiva? Porque razão não podemos utilizar dois laterais, que atacam à vez, que sempre é uma solução mais ofensiva que um médio defensivo? Tem imensas vantagens, tais como:
- Manter ataque contínuo
- Deixar um lateral a recuperar fôlego para mais tarde atacar enquanto o outro lateral ataca
- Desgaste inferior ao desgaste adversário
A principal vantagem deste método organizacional, reside na capacidade da equipa em atacar, e mal termine um ataque, ter condições para recuperar a bola e voltar a atacar imediatamente. Qualquer lateral tem, ou devia ter, vocação defensiva e principalmente, vocação ofensiva. A função do médio defensivo é essencialmente defender, e grande parte dos médios defensivos não tem a capacidade de desorganização do adversário como tem os laterais. Por sua vez, um lateral também não tem a mesma solidez defensiva dos médios defensivos, mas, para uma equipa que mantém ataque contínuo, a frieza de um lateral adaptado basta, pois este está habituado a defender.
Vejamos, estamos numa altura do jogo onde é necessário atacar
mais do que defender, é necessário desorganizar mais o adversário do que
organizar uma zona onde a bola quase não circulará. Um lateral tem
melhores condições para desorganizar do que um médio defensivo. E dois
laterais, a apoiar constantemente a equipa, deixam qualquer adversário
sufocado. Esta estratégia pode ser especialmente útil para equipas de
posse de bola, com dois médios defensivos por posição, com ataque
maioritário por um dos flancos.
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