A liderança no Grupo I das eliminatórias europeias foi apenas um pretexto para a França repetir a estratégia de praticamente todos os adversários da Espanha campeã mundial e bi da Eurocopa. Inclusive dos próprios Bleus no 1 a 1 do jogo de ida e na derrota por 2 a 0 no torneio continental.

Duas linhas de quatro compactas com um volante entre elas para bloquear as infiltrações que completam a intensa troca de passes da equipe de Vicente Del Bosque. Cabia a Matuidi negar espaços a Xavi e Iniesta, que saía da esquerda para articular pelo meio e deixar Pedro mais próximo de Villa.

Bola roubada, transição rápida buscando Ribéry pela esquerda ou Benzema, o único atacante do 4-1-4-1 de Deschamps. Apesar da vantagem e do poder do adversário, a proposta francesa pecou pela cautela excessiva numa disputa em casa que, na prática, valia vaga na Copa do Mundo.

A Espanha nem era tão intensa na pressão no campo adversário para recuperar a bola e centralizava demais o jogo (vide heatmap abaixo). Mas avançava ora Alonso, ora Busquets para armar as jogadas e liberar Xavi, que se juntava a Villa no 4-2-3-1 espanhol e aparecia na área para concluir.

ESPN
Espanha centralizou o jogo e trabalhou mais entre as intermediárias.
Espanha centralizou o jogo e trabalhou mais entre as intermediárias.

O elemento surpresa era Monreal, substituto do lesionado Jordi Alba, que aparecia pela esquerda no corredor deixado por Iniesta. Mesmo com alguns problemas na marcação de Valbuena e Jallet, o lateral do Arsenal apoiou com desenvoltura e serviu Pedro no gol único no Stade de France. Jogada iniciada pelo camisa onze com bela inversão e concluída em dividida com o goleiro Lloris.

Reprodução ESPN
Flagrante de Matuidi entre as duas linhas de quatro da França; na Espanha, Busquets alinhado a Xavi e Monreal com corredor livre pela esquerda.
Flagrante de Matuidi entre as duas linhas de quatro da França; na Espanha, Busquets alinhado a Xavi e Monreal com corredor livre pela esquerda.

Gol sofrido de um time histórico, mas que convive há algum tempo com dificuldades para ir às redes. Problema que transforma uma vitória com autoridade em sufoco nos últimos minutos, mesmo após a tola expulsão do jovem Pogba.

A Espanha estará no Brasil para tentar fechar o ciclo vencedor na Copa das Confederações e, principalmente, defender seu título mundial. Mas continua precisando da contundência no ataque que só apareceu nas disputas em alto nível nos 4 a 0 sobre a Itália na decisão da Euro.

O favoritismo, porém, segue intacto. Em todas as frentes e qualquer cenário. Mais do mesmo.

Olho Tático
Espanha forte pela esquerda e revezando apoio dos volantes; França no 4-1-4-1 que exagerou na cautela.
Espanha forte pela esquerda e revezando apoio dos volantes; França no 4-1-4-1 que exagerou na cautela.